quinta-feira, setembro 07, 2006

EM PORTUGAL, O PATRIMÓNIO ESTÁ MORIBUNDO

Nos últimos dez ou doze anos tudo se tem regido, neste país e um pouco por toda a Europa, em torno da sagrada economia. A China surgiu como uma ameaça às economias que, em busca de lucros fáceis e imediatos, tinham deslocalizado, fornecido maquinaria e tecnologia para essas paragens.
Por cá, completamente desnorteados e sem soluções, os sucessivos governos apostaram e apostam em diminuir os custos de produção à custa dos salários, sabendo-se que esta não é a solução para o problema.
O património, actividade que pode e deve potenciar o turismo, para além de ser um valor cultural a preservar, também foi forçado a embarcar na lógica economicista que nos afecta em todos os sectores de actividade.
Em mais de uma década já conheci perto de uma centena de pessoas que passaram por um monumento onde trabalho, quase todos desempenhando funções de guardaria e vigilância. Trabalharam entre seis e dezoito meses e foram enviados para o desemprego, de onde aliás tinham sido recrutados. Deitada para a rua foi a formação profissional que lhes foi ministrada, a experiência que foram ganhando ao longo deste tempo, e pior ainda, também foi deitada fora a juventude e até a competência de muitos deles.
O que ganhou o Património com tudo isto? Rigorosamente nada. Os funcionários naturalmente envelheceram, estão desmotivados por tudo isto e pelas condições de trabalho e remuneração, os custos não diminuíram, pelo contrário aumentaram ainda que saídos, em parte dos Centros de Emprego.
Não há garantias de que a situação possa melhorar, mesmo estando todos conscientes de que a qualidade do serviço prestado se está a deteriorar. A senhora ministra não pode continuar a ignorar esta situação, e os portugueses e demais visitantes também não podem continuar sem saber o que se passa.

3 comentários:

Anónimo disse...

Não serão apenas os vigilantes que têm um défica de pessoal, há falta de técnicos de restauro, jardineiros e outros operários concerteza. Quanto á sra. ministra devo dizer que não tem, nem terá peso político para reivindicar o que quer que seja para este sector!

Zé Povinho disse...

Claro que tem razão. Detendo-me sobre o assunto também posso dizer que temos algum pessoal que por falta de meios está em excesso, por exemplo demasiados técnicos-superiores que virtualmente se vão entretendo a jogar paciências ou consultando a internet nos seus computadores. No fundo, há má gestão dos recursos humanos!

Anónimo disse...

A "medida estúpida" da dra. Manuela F. Leite (congelamento das admissões) está a provar ser o enterro dos serviços públicos. A cega diminuição de funcionários (dos que entram pela porta da frente) e os custos da aquisição de serviços mostram-se incomportáveis. A teimosia e miopia dos ministros das finanças aliada à falta de coragem e peso político dos titulares da Cultura estão a asfixiar o Património.