quinta-feira, maio 25, 2006

MÁ INFORMAÇÃO

O jornalismo português tem estado em foco, não pelas melhores razões, e muitos ouvintes, espectadores e leitores se têm questionado sobre as razões de tamanha polémica.
No DN de hoje, 25 de Maio, vem um título que devia envergonhar qualquer director de jornal: “Função pública com salários 50% acima da média”.
Para começar o que é que estamos a comparar? Será que comparamos profissionais de níveis e profissões iguais do sector público e do privado?
A leitura de dados estatísticos é sempre problemática e susceptível de conclusões erradas, principalmente quando, como neste caso, não é acompanhada pelos quadros estatísticos e respectivas fichas técnicas. Para exemplificar um erro clamoroso da notícia em causa, refira-se esta frase do subtítulo “Em média, a função pública ganha 2158 euros”. A jornalista que assina o trabalho não acreditará certamente em tamanho disparate, facilmente desmontado pela consulta das tabelas salariais publicadas em DR, podendo constatar que mesmo os técnicos superiores, na sua grande maioria, só alcançam verbas dessa grandeza depois duma longa carreira na função pública.
Curiosamente soubemos que cerca de 70% das notícias divulgadas têm como fonte as agências de informação e as acessórias de imprensa, o que explica o facto de no mesmo dia ser possível ler-mos as mesmas notícias em toda a imprensa escrita, ouvir o mesmo nas rádios e à noite mais uma repetição nas televisões.
Não sei se há muitos maus jornalistas, se são apenas uma minoria, se há ou não dinheiro e/ou vontade de verificar o rigor das fontes, mas do que não duvido é de que há notícias que não sendo correctas podem servir interesses que não são decerto comuns à maioria dos portugueses.

2 comentários:

Anónimo disse...

O dr. Carrilho tem ateoria da conspiração, na qual não acredito no seu caso em particular, mas também não acredito em tantas coincidências no que toca a notícias que visam denegrir os funcionários públicos em geral.

Anónimo disse...

O jornalismo formatado é uma forma de formatar também a opinião pública. Os órgãos de comunicação social, ou quem neles manda, parece não aceitar que cada vez mais, todos dizem o mesmo, isso é pretender ignorar que há poderes a quem isso interessa. Os jornalistas e outros profissionais do jornalismo do passado, que eu conheci bem, eram inconformados por natureza, hoje parece que já não é tanto assim. É uma pena...