domingo, fevereiro 19, 2006

AS MARAVILHAS DO LIBERALISMO

As novas teorias liberais que grassam um pouco por todo o mundo ocidental começam a a ter resultados visíveis nas sociedades onde estão a ser implementados os ditos princípios. Na Europa ocidental onde se lutou por políticas de protecção social, assiste-se hoje ao desmantelamento do Estado social e aos cortes sistemáticos de direitos na saúde, no ensino e nas pensões de reforma.
Os sinais visíveis da ofensiva liberal contra os direitos sociais são muitos e difíceis de sustentar a médio prazo. Como explicar, mesmo que apenas com critérios económicos, que um trabalhador só se possa reformar depois dos 65 anos de idade, sem ser tomada em conta, primeiramente, a sua carreira contributiva? O argumento da esperança de vida esbarra no critério de aumento de produtividade e, mais clamorosamente na elevada taxa de desemprego de jovens com melhores qualificações.
Também nos direitos laborais há contradições gritantes, como o trabalho temporário que na maioria dos casos significa baixa produtividade e ausência de motivação nunca compensados pelos baixos salários praticados. Também aqui se podia equacionar a perda de impostos, que frequentemente decorrem de isenções temporárias de descontos por parte das entidades empregadoras, facto omitido pelos defensores desta prática.
Os Estados demitem-se das suas funções reguladoras assegurando que o próprio mercado se regula, fazendo-nos acreditar (?) que vivemos num mundo perfeito e justo.
Há quem ganhe, e muito, com as teorias liberais, desde logo os ricos e poderosos, que ficam cada vez mais ricos, aumentando o número de pobres que por sua vez ficarão cada vez mais pobres.
Aos poucos todos nos vemos apercebendo que caminhamos para o abismo e quanto mais tarde houver uma reacção, mais graves serão as suas consequências.

sábado, fevereiro 04, 2006

MUSEUS

A VONTADE E OS MEIOS
É absolutamente pacífico aceitar-se que existem opiniões comuns entre as direcções do IPM, IPPAR e os sindicatos representativos dos trabalhadores dos museus, palácios e monumentos. A insuficiência de pessoal na carreira de vigilantes-recepcionistas é um dos casos mais evidentes.
Muito se tem criticado estes trabalhadores pela recorrente greve no período da Páscoa, mas nenhum órgão de comunicação social se debruçou sobre as razões do protesto. O jornal Expresso de 4 de Fevereiro inclui um artigo com referências a declarações do director do IPM, Manuel Bairrão Oleiro de que destacamos apenas alguns temas que há muito pretendemos discutir com a tutela: os regulamentos internos (incluindo os horários de trabalho e funcionamento), a revisão dos quadros de pessoal, os planos de conservação preventiva e os planos de segurança. O envolvimento dos trabalhadores (a todos os níveis) nestas matérias é essencial para que se conheçam as diferentes visões sobre a realidade de cada serviço.
Compreendemos a posição do director do IPM quando alude ao recurso a contratados a prazo também no ano de 2006, por evidente imposição do Ministério da Finanças, mas discordamos frontalmente dessa solução de recurso não só por princípio (é ilegal para suprir necessidades permanentes dos serviços), mas também por razões de segurança, de qualidade de serviço, de desperdício de verbas em formação e por colocar em risco em muitos casos a transmissão de conhecimentos e de experiência que a tutela pretende ignorar.Esperamos que as reestruturações e as políticas economicistas cegas não venham inviabilizar soluções técnicas passíveis de pacificar o sector e contribuir para a melhoria dos serviços prestados aos inúmeros visitantes dos museus, palácios e monumentos.