sexta-feira, julho 29, 2005

ONDE PÁRA O MÉRITO ?

O governo decidiu congelar as promoções até ao final do próximo ano alegando poupança para o erário público. No mesmo dia e na mesma ocasião diz que haverá progressões por mérito para quem o mereça.
A palavra mais pronunciada por quase todos os funcionários públicos nestes dias será mentirosos . É fácil compreender a que se referem os trabalhadores da função pública pela simples razão de que não há classificação do desempenho, por trapalhadas e omissões dos governos.
A que é que se referem aqueles senhores, quando falam em premiar o mérito? Será que vão haver promoções, estas sim automáticas, por decisão ministerial ou de qualquer outra chefia sem critérios definidos ? Se assim for pergunta-se se a abertura de concursos não sería mais justa.
O que é evidente é que a produtividade de trabalhadores desmotivados e desvalorizados será inversamente proporcional ao descontentamento sentido.
Apetece dizer, que até para medidas estúpidas e mentiras há limites.

quarta-feira, julho 27, 2005

INCENTIVAR PÚBLICOS

A campanha publicitária promovida pelo IPM na televisão é bem concebida e merece um elogio pena é que não encontre correspondência por parte do IPPAR.
As estatísticas de facto mostram que os portugueses ainda visitam pouco os nossos museus, palácios e monumentos, e se não houvessem muitos estrangeiros a visitar-nos o número de visitas e as correspondentes receitas seríam um perfeito descalabro.
Há causas para o alheamento dos portugueses em relação ao nosso Património, que vão desde as causas culturais passando pelas económicas e acabando na falta de orgulho no que respeita ao que é nosso.
Apesar de ser louvável publicitar os nossos museus, falta dar um passo importante na divulgação do património e da história deste país, recorrendo-se, se necessário, a grandes comunicadores ou outras iniciativas com impacto mediático como concursos ou exposições apelativas.
Como sempre há um “pequeno” senão com que se depara quem tem ideias e pretende atingir objectivos: a crónica falta de verbas.
Pois é senhora ministra, isto também depende de si, como aliás os recursos humanos e a formação, assim a senhora esteja disposta a dar uma ajuda.

segunda-feira, julho 18, 2005

ABUNDÂNCIAS

Para quem não está atento veio escarrapachado na imprensa, que Portugal é o país em que as empresas têm mais carros de serviço por trabalhador, em toda a Europa. Como carros de serviço leia-se. Volvos, BMW, Mercedes , Audi e Jeep muito adequados, como se sabe, aos patrões e restantes familiares nas suas constantes “deslocações em serviço”. Desenganem-se os que pensam que no Estado, administração central, local e empresas públicas é diferente. Aí há imensos carros, identificados alguns, outros nem por isso que circulam por todo o lado e a qualquer hora do dia ou da noite, em serviço com toda a certeza.
Claro que é considerado populista falar-se disto, até porque isto representa apenas uma migalha do desperdício de verbas, importa, isso sim, cortar na comparticipação de medicamentos, nas reformas milionárias que recebem alguns só porque descontaram para isso durante 36 anos de serviço, nos vencimentos dos “parasitas” dos funcionários públicos, etc... .Por causa do populismo reinante qualquer dia ainda vamos ver muitos elementos da classe política reinante, a pedir no Rossio ou na Praça da Figueira, depois dos elevados serviços prestados à Nação ...

sexta-feira, julho 15, 2005

CONSCIÊNCIA E INTERVENÇÃO CÍVICA

Já é recorrente ouvir-se pessoas lamentando uma greve e queixando-se dos seus incómodos. Não raras vezes dizem ter sido apanhados de surpresa partindo para o ataque contra os que exercem um direito que lhes assiste, a greve.
A tese da surpresa, do desconhecimento e dos incómodos, alimentada por alguma comunicação social e alegremente comentada por outros poderes instituídos, é um reflexo da falta de cultura cívica, um dos grandes males da sociedade portuguesa. É, ainda, difícil em Portugal respeitar os outros e consequentemente o exercício dos seus direitos. Prevalece e é alimentada uma atitude individualista, propícia à predominância dos mais fortes e poderosos.
A educação continua a ignorar a cultura cívica e a intervenção consciente dos cidadãos como actos de cidadania que devem ser ministrados a par dos outros conhecimentos académicos, e depois lamentamos o mau comportamento nas estradas, a fuga deliberada aos impostos e demais obrigações fiscais, o mau comportamento que resulta na degradação ambiental, etc ...
Por muito agradável que esta situação seja para os governos, pelo menos em determinados momentos, nada os isenta, a todos (do passado, presente ou futuro), da responsabilidade de promover uma melhor cultura cívica dos cidadãos, promovendo uma sociedade melhor, mais solidária e responsável.
Respeite-se tanto quem adere a uma greve, com todos os seus incómodos, como quem decide não aderir, sejam lá quais forem os seus motivos.

domingo, julho 10, 2005

TOLOS E IDIOTAS

Pelo Expresso de 9 de Julho passado ficámos todos a saber que o senhor Jorge Fiel discorda de Miguel Sousa Lobo acerca da teoria segundo a qual “é melhor trabalhar com tolos adoráveis do que idiotas competentes.” Discordar é um direito que lhe assiste, naturalmente, mas não lhe fica bem classificar os funcionários públicos, na sua generalidade, nestas duas classes. Mas vai mais longe utilizando também o termo parasitas, como o já tinha feito um fumador de charutos com muita falta de chá.
A cobardia de nunca assumir as palavras como suas, verdade seja dita que se refugia em afirmações alheias, não o livra da responsabilidade pelo artigo que assina no caderno de economia do dito jornal. Compreende-se o título da coluna “ Invisíveis correntes”.Com toda a sapiência demonstrada pelo autor e por ter um primo com tão boa experiência como (mau) gestor sugerimos o seu nome para um alto cargo de nomeação na administração pública, onde com toda a certeza se sentirá bem acompanhado pelos seus pares, com idênticas capacidades e clarividência.

sexta-feira, julho 08, 2005

EXEMPLO ?

É preciso dar o exemplo. Todos ouvimos esta frase da boca de governantes nas alturas em que se preparam para nos espoliar de direitos duramente conquistados. Chegam a afirmar que é um tratamento igual para todos, como se alguém pudesse acreditar nisso.
Depois dos discursos, e quando as comadres se zangam, é que nos chegam as notícias dos privilégios de que auferem pela actividade política ou pelas nomeações que dela resultam.
Para o Zé Povinho, reforma só aos 65 anos de idade e calculada de forma a que receba o mínimo possível. O tempo de trabalho e descontos só conta para cortes nessa prestação, no caso de já ter os 36 anos e de ainda ter de trabalhar mais 10 ou 15 anos, isso é irrelevante. Talvez, porque o tratamento é igual para todos , tenhamos os mesmos políticos a auferir de subvenções vitalícias, com menos de 65 anos de idade e com uma dúzia de anos de serviço, acumulando esta benesse com o salário de políticos no activo, ao fim e ao cabo a mesma actividade da qual se “reformaram”.
É exemplar este tipo de actuação e mesmo que não estejam a infringir qualquer lei, revelam o que todos já sabíamos: somos todos iguais, mas há uns mais iguais do que os outros .Livrem-nos destes pregadores de valores morais !
Estou no Blog.com.pt

segunda-feira, julho 04, 2005

GATO ESCONDIDO

A estratégia de responsabilizar os funcionários públicos de todos os males de que padece o país, já começa a ficar demasiado gasta e em breve pode virar-se contra os seus mentores.
A função pública está e sempre esteve sob a direcção e orientação dos governos e do pessoal por eles nomeado, como tal se o seu desempenho não é satisfatório isso não abona nada de bom sobre a qualidade das chefias políticas. Também começa a ficar difícil passar a mensagem de que os funcionários são diferentes de todos os restantes portugueses, excepcionando-se o facto de serem geridos por uma classe que continua a não admitir a sua incapacidade para gerir a coisa pública.
Sobre as dificuldades com a segurança social, também é perigoso dividir a sociedade portuguesa entre funcionários e não-funcionários, pois os primeiros não podem de modo nenhum fugir aos descontos, já os segundos, com a conivência de alguns patrões, podem.
Os tais privilégios de que tanto fala o governo também são um terreno escorregadio até porque ainda não se falou de muitas mordomias dos políticos e outro pessoal dirigente, nem de acumulações de funções em diversos campos que são verdadeiramente obscenas.
Dividir para reinar é um estratagema muito batido. Cortar para depois nivelar por baixo é perigoso, porque o limite suportável já foi atingido e o descontentamento vem aí, logo depois das férias.Dobrar a espinha aos funcionários públicos é a táctica para desmobilizar a contestação organizada e forte. Mais temível contudo será o descontentamento social não organizado induzido pelas dificuldades de subsistência e pela descrença na classe política.